7 poemas diante de um livro aberto
Estrelando André Bazin, Alberto Caeiro, Fernando Sabino, Guimarães Rosa e grande elenco
dias de midas
na euforia do insight
brota da caneta toda história
que reluz canta encaixa
e amanhece inerte
bazin/caeiro
há metafísica
o bastante
numa câmera
desligada
no tabuleiro de damas (I)
“faça pirâmides”,
disse o rosa ao sabino,
“em vez de biscoitos.”
“curioso, joão”,
devia ter dito o sabino,
“só um deles cabe num jardim”
no tabuleiro de damas (II)
“faça pirâmides”,
disse o rosa ao sabino
“em vez de biscoitos”,
enquanto escondia o jogo
a fornada fresca de estórias
no tabuleiro de damas (III)
“não faça biscoitos”,
disse o rosa ao sabino,
“faça pirâmides”,
sem dizer também
que nelas
se enterram faraós
um livro aberto
a fala com termo
o som menos o ar
a folha dada à luz
apenas as letras
caladas e secas
a serifa e o nada
o pensamento espectral
o vitral atrás da figura
o escuro descosido,
afinal
a língua que vibra
feita víbora de fibra
de riscos arisca
um livro aberto
é uma vida do avesso
as emendas à mostra
a palavra
uma pele
só roupa
Mais poemas, além de contos e críticas, você encontra aqui mesmo na newsletter ou então na sua versão blog, Freio de Mão. Como sempre, fica o convite para dar uma força:
Ou, se curtiu algum poema específico, compartilhar: